quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Escultor português Vítor Sá Machado apresenta "Raízes" em Macau

O escultor português Vítor Sá Machado inaugura hoje dia 8 em Macau uma exposição com que espera "surpreender e divertir" o mundo a Oriente que for ver "as suas coisas feitas numa aldeia das Beiras".

Intitulada "Raízes", a mostra reúne cerca de 25 peças em pedra e ferro e algumas em madeira, trabalhadas a partir da aldeia de Escalhão, em Figueira de Castelo Rodrigo, onde se radicou desde 2005.

"É como se fosse um regresso às minhas raízes. Tenho imensa curiosidade de ver o que as pessoas acham deste contraste, de como aceitam as coisas lá de cima, das Beiras de Portugal, neste mundo tão diferente", disse à agência Lusa Vítor Sá Machado.

O autor diz ter tentado "dar uma certa unidade e diversidade" ao conjunto de peças que apresenta em Macau. Por exemplo, há esculturas de mulheres, mas também há um cavalo.

"Espero sobretudo que as pessoas se divirtam, porque coisas chatas há-as para aí aos montes", acrescentou.

Com uma obra marcada pela estética africana, o escultor tem uma admiração especial pelo universo da mulher, uma figura recorrente na sua obra, e a que tenta dar força e delicadeza através dos materiais rudes com que trabalha.

"Faço sobretudo mulheres pela admiração que tenho delas. Recupero materiais. Chateia-me fazer com materiais novos", acrescentou.

Nascido em Lisboa no final dos anos 1940, Vítor Sá Machado fez carreira como designer gráfico, ilustrador e caricaturista, tendo também passado pelo mundo da televisão e do teatro, com adereços e máscaras da sua autoria, mas em 2005 trocou a "antipatia" da grande metrópole pelo sossego de Escalhão, em Figueira de Castelo Rodrigo.

"Quando fui para lá, as pessoas ficaram esquisitas, mas depois acharam graças, e começaram a dar-me coisas. Apetrechos agrícolas, arados em ferro, etc. E acho graça, porque dá-me a ideia de que estou a salvar coisas da decadência. As coisas já estão velhas, já tiveram uma vida, e agora estou-lhes a dar outra vida", descreve.

Tempos depois da abertura do atelier na aldeia a dois passos da espanhola Salamanca, uma vizinha fez-lhe "o maior elogio da vida": ?Sr. Vítor, não percebo nada do seu trabalho, mas o senhor dá alma às pedras', recorda.

"Acho graça porque estão habituados a viver no meio daquilo tudo e as pedras não lhe dizem nada. E eu andar à procura e fazer coisas com materiais que eles não ligam nenhuma deixa-os admirados, mas acham graça, gostam", adianta.

Interessado nas ironias da vida, Vítor Sá Machado vai buscar inspiração à natureza. "As pedras é que me dizem o que hei de fazer. Olho e digo: isto é uma cara que está aqui, depois acrescento os olhos, o nariz?", conclui.

A exposição de Vítor Sá Machado está patente na Livraria Portuguesa, em Macau, até 20 de novembro.

https://www.facebook.com/vitorsamachado
http://vitorsamachado.blogs.sapo.pt/


Por Agência Lusa, publicado em 5 Nov 2012